Inovar não é migrar para a Internet, diz fundador da Caelum

08/09/2016 11:03

Paulo Silveira aponta quais os erros e acertos no processo de ir para o meio digital das empresas.

Empreendedorismo-DigitalDurante o Innovators Summit 2016, evento co-realizado pela CI&T e +Innovators que acontece entre ontem e hoje em São Paulo, Paulo Silveira, fundador da Caelum, trouxe um panorama sobre como as empresas migram para o meio digital. Para ele, que vem do setor educacional, o principal erro no caminho para a Internet é achar que o negócio digital deve ser igual ao oferecido no físico.

Conforme ele explica, as companhias encaram a digitalização como um modo de massificar seu produto. “Elas tentam traduzir o negócio físico para o digital, mas isso não é inovação e não resolve o problema. Inovar não é migrar para a Internet”, afirma.

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Silveira diz que o consumidor não deseja ter o mesmo tipo de serviço ou atendimento do meio físico no digital. Como exemplo, ele aponta que a publicidade de bancos tradicionais na migração para o ambiente digital é errada, pois afirmam que vão disponibilizar os mesmos serviços na Internet. “O diferencial do Nubank não é a falta de taxas e sim seu atendimento”, exemplifica.

De acordo com ele, o segredo para a inovação é mudar o mindset da empresa. “Não adianta migrar o core business só para dizer que se está na Internet. O mesmo serviço ou produto que se oferece no meio físico não é o bastante para continuar no mercado. Manter esse pensamento só traz o risco de ser comido por outra empresa inovadora”, afirma. A solução, diz Silveira, é repaginar o negócio para o meio digital.

O caso de Silveira ilustra bem o desafio de migrar para o digital. Como fundador da Caelum, escola de graduação de programadores que atua nos dois ambientes, ele conta que teve receio em investir no negócio digital justamente pelo medo de matar o físico.

O primeiro passo da empresa foi disponibilizar cursos complementares no ensino à distância (EaD), algo que as grandes universidades também fazem, mas que não resolve o problema. “A verdade é que se você não se canibalizar, outra empresa vai te engolir”, afirma.

Foi nesse momento que ele percebeu que o setor educacional conta com a vantagem da experiência que uma aula presencial traz. “Tratamos o físico hoje como um produto premium, onde é mais fácil engajar os consumidores. Por isso o canibalismo que sofremos é pequeno”, explica.

Por fim, Silveira diz que a Caelum explorou outros modos de oferecer suas aulas, como o aprendizado adaptativo, onde o próprio sistema de EaD retoma o conteúdo já estudado caso o aluno estiver com dificuldades nas novas matérias. Além disso, o sistema ainda permite a comunicação entre professores e alunos via fóruns. Por fim, o site pretende lançar no próximo mês uma ferramenta para que os alunos possam interagir entre si e façam grupos de estudos.

Fonte:Ipnews