Para 'pai da Internet', podemos viver uma idade das trevas digital

17/02/2015 09:30
Vint Cerf defende que novas tecnologias tornarão formatos de armazenamento obsoletos. O resultado? Nossa memória digital ficaria inacessível para outras gerações
 

Nesta era onde tudo está presente na nuvem, é fácil assumir que todas as informações serão armazenadas para sempre. A única coisa com a qual - talvez - pudéssemos nos preocupar seria toda a informação dos tempos analógicos" papéis, fitas e todos os formatos que não foram digitalmente convertidos.

Bem, Vint Cerf, geralmente chamado de "o pai da Internet" pensa de uma outra forma.

O atual chefe evangelista de Internet no Google, Cerf esteve nesta semana no American Association para Avanços em Ciência e ele deu uma nova perspectiva sobre o assunto.

Ao invés de um mundo onde a longevidade nos é dada, Cerf teme uma "idade das trevas da era digital" em que uma rápida evolução da tecnologia torne formatos de armazenamento obsoletos graças ao que ele denomina de "podridão bit".

Neste mundo, as ferramentas necessárias para ler arquivos que nós confiamos hoje poderiam ser perdidas porque elas seriam incompatíveis com novas tecnologias que surgem. O resultado, ele acredita, poderia ser que muito de nossa memória digital seria inútil, inacessível para outras gerações.

"Uma saída poderia ser manter o mínimo de compatibilidade de leitura para os dados mais antigos e mesmo com as novas tecnologias que são introduzidas sem se preocupar com questões de rapidez de processamento, capacidade ou custos", disse Eric Burgener, diretor de pesquisa  na IDC. “O mal, claro, está nos pequenos detalhes.”

O projeto Olive da Universidade Carnegie Mellon poderia ser um exemplo.  Liderado por Mahadev Satyanarayanan, um professor de ciência da computação, o projeto tem como objetivo desenvolver a tecnologia necessária para preservação a longo prazo de software, games e outros conteúdos.

Enquanto essas ferramentas não se tornem comuns, empresas claramente têm uma razão para se preocuparem assim como nós.

"Pensar a longo termo sobre esse tipo de assunto é difícil. Mas há alguns riscos reais aqui que, coletivamente, nós enquanto indústria deveríamos nos preocupar", disse Simon Robinson, pesquisador vice presidente da 451 Research.

"Acredito que algumas formas de negócio definitivamente entendem isso como um problema, mas se sentem impotentes já que é uma questão da qual eles não podem resolver. Nesse sentido, é ótimo que o Google e outras companhias estejam, pelo menos, falando sobre os riscos e os potenciais caminhos para a questão", reflete Robinson.

 

Fonte:IDGNOW