Pokémon Go: nossa privacidade está em risco?

13/08/2016 17:45

Aplicativo pede informações de localização, acesso à câmera e informações do usuário.

pokemon-go e hackerO Pokémon Go, aplicativo da Niantic, está atraindo atenção dos usuários seja pela experiência diferenciada com a tecnologia de Realidade Aumentada (RA) ou pelas polêmicas que o app gera. Além da quantidade de notícias veiculadas nas redes sociais sobre acidentes e roubos envolvendo usuários enquanto jogavam, outro problema é a política de privacidade do jogo, considerada por muitos como abusiva.

Segundo artigo do advogado Maurício Requião, professor de Direito Civil na UFBA e Faculdade Baiana de Direito, publicado na revista Consultor Jurídico, o aplicativo solicita permissões para acessar o local do smartphone; fotos, mídias e arquivos do dispositivo; tirar fotos e gravar vídeos.

“Todas essas permissões são compulsórias, ou seja, não há a possibilidade de ingressar no jogo caso se negue alguma dessas permissões, o que deixa clara a natureza de contrato de adesão”, afirma.

À primeira vista, o aplicativo tem muitas informações a respeito do usuário, mas isso seria assim tão incomum? De acordo com João Carlos Fernandes, professor de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia, há aplicativos e ferramentas de redes sociais ainda mais invasivos que o Pokémon Go.

Os aplicativos de testes de Facebook, por exemplo, entram nessa categoria. “Essas aplicações têm autorização para postar em seu nome e a sua lista de amigos, sem contar todo o seu histórico dentro da rede social”, diz. O Tinder é outro exemplo, já que o app de paquera tem acesso à sua localização e ao seu perfil do Facebook.

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Fernandes diz que a partir do momento que alguém adere a um aplicativo, ele está de acordo com a política de privacidade da ferramenta. “Não tem como considerar que o app é abusivo se o jogador autoriza a captar os dados”, afirma. “No caso do Pokémon Go, o acesso à câmera e à localização é o mínimo para que o usuário possa ‘capturar os monstrinhos’.”

Conforme explica o professor, há duas formas de se cadastrar na ferramenta, criando um perfil próprio ao jogo, no Pokémon Trainer Club, ou usar uma conta do Google, maneira mais prática para quem quer jogar o mais rápido possível. A diferença é que a segunda forma permite ao aplicativo acesso ao e-mail e demais informações ali cadastradas, dando mais uma fonte de informação para a proprietário do aplicativo.

Segundo Fernandes, todas as informações são armazenadas pela Niantic e podem ser compartilhadas com seus parceiros de negócio, que patrocinam o jogo. Esses dados permitem às empresas ter melhor noção do comportamento do usuário e possível cliente, permitindo ações de marketing direcionadas a eles. “Normalmente, esses parceiros desejam ter um canal direto com o cliente final, podendo, por exemplo, enviar e-mails com promoções diretamente para ele”, explica.

“A única saída, caso o usuário queira se manter anônimo à Niantic, é criar uma conta do Google somente para o jogo, sem fornecer informações pessoais que não sejam imprescindíveis para o cadastro”, afirma o professor.

 

Fonte:Ipnews