70% das startups brasileiras não faturam mais de R$ 50 mil por ano, diz pesquisa

14/06/2017 11:35

Relatório mostra atual cenário do setor no Brasil; mais de 80% já são formalizadas e 44% buscam o objetivo de ser escalável.

Um levantamento, realizado em parceria entre a Parallaxis Economia e Ciências de Dados e o escritório jurídico especializado em startups Perrotti e Barrueco Advogados, entre julho e outubro de 2016, com 120 empresas e investidores, sobre o mercado brasileiro de startups apresentou números e questões significativas do segmento no País. O estudo revelou um dado surpreendente em relação ao faturamento bruto anual de uma startup no Brasil: 72% delas não chegam a 50 mil reais, enquanto apenas 6% fatura mais de 500 mil reais ao ano.

Para atender ao grande volume de trabalho associado à falta de capital no início das atividades, mais de 70% das startups no Brasil possuem entre dois e quatro sócios e nem todos chegam a contratar mão de obra externa, 21,6% não possuem nenhum funcionário.

A pesquisa também constatou que 81% das startups já estão formalizadas e 89,5% já desenvolveram seu plano de negócios. Os números mostram uma grande preocupação na regularização da atividade logo no início da operação, bem como na parte estratégica. Não à toa, 42,1% das startups já estão há mais de dois anos no mercado, tendo portanto sobrevivido a crise que assolou o País.

As novas políticas de incentivo do Governo, como a Lei do Microempreendedor Individual, o Simples Nacional e o recente programa Startup Brasil, que visa proteger o investidor, são progressos que vem incentivando o surgimento de novos empresários que criam mais empregos e soluções para um país ainda carente em diversas áreas. Com isso, além de arrecadar mais impostos, o governo auxilia essa nova classe de empreendedores. Entretanto, dificuldades decorrentes de um ambiente trabalhista e tributário complexo e oneroso, ainda dificultam um maior avanço das startups nacionais. Hoje a taxa de mortalidade de startups no país é de 25% ao ano.

Com o objetivo de se tornarem lucrativas, um resultado já esperado é o objetivo mais comum entre as startups: 44,8% buscam ser escalável. Ainda de acordo com o relatório, no modelo de negócio para o usuário final, 73,7% atuam de forma paga, outra forma de ganho das empresas.

Vale ainda avaliar a relação entre startups e aceleradoras, incubadoras e parques tecnológicos. Entre os entrevistados, 61,1% acreditam que a importância de uma aceleradora, incubadora e parque tecnológico é irrelevante ou pouco relevante. Pode-se atribuir este dado ao pouco acesso a estas instituições, uma vez que 60,5% se declaram independentes.

Apesar destes dados, 28,9% das startups estão em parques tecnológicos e 38,8% acreditam que participar de programas de fomento são importante, muito importante ou indispensável. Os programas de aceleração pedem em 51,6% dos casos como contrapartida um percentual de participação, 32,3% pedem uma taxa de locação que pode ser relacionado com as empresas em co-working e outras realizam um trabalho sem contrapartida palpável, ou seja, disponibilizam assessoria gratuita, modelo que tem grande ocorrência entre os parques tecnológicos.

Com relação ao funding, 57,9% das startups pesquisadas responderam que já conseguiram realizar uma primeira rodada de captação para investimentos. Dessas, o maior percentual foi entre R$ 501 mil à R$ 1 milhão com 27% das captações registradas na pesquisa, sendo a principal fonte de captação os investidores anjos com 34% dos entrevistados.

No entanto, apesar do crescimento de 300% no capital investido em startups entre 2013 e 2016, o número de investidores anjo no país teve um acréscimo pequeno, de apenas 3%. Assim, 42% das empresas pesquisadas ainda não captaram recursos com investidores. Desse universo, 42,5% afirmam precisar de capital entre R$ 500 mil à R$ 1 milhão.

O relatório ainda conclui que o número de startups no mercado brasileiro está crescendo rapidamente. Há algumas iniciativas que tem contribuído para favorecer esse cenário, porém ainda é arriscado afirmar qual será o resultado dessas iniciativas em um período de 3 a 5 anos.

 

Fonte:ipnews