Abrir APIs é a solução para os bancos não perderem mercado, diz especialista

23/09/2016 10:17

Diretor da UL afirma que é hora das empresas bancárias tradicionais deixarem rivalidade de lado e fazer parcerias com os novos provedores de serviço, no chamado open banking.

banco-digitalO evento UL Innovation Seminar 2016, realizado ontem (21/9) pela UL do Brasil, empresa especializada em testes laboratoriais, certificação e validação de segurança, deu destaque para a relação entre bancos e as fintechs e como os primeiros são influenciados pelos mercados que surgiram com o desenvolvimento das novas tecnologias móveis.

Para explicar o cenário atual, Vinicius de Mesquita, diretor da UL, lembra que hoje o consumidor está mais empoderado, com uma capacidade maior de escolha. O Uber, o Airbnb e o streaming são exemplos clássicos disso, mas o setor financeiro também não está fora dessa nova “onda”.

As fintechs são os principais atores desse movimento e pressionam os bancos para a mudança, junto com as regulações de países desenvolvidos, que não ditam o rumo, mas sim seus limites. “Há uma movimentação que encurrala os bancos tradicionais e os obriga a viabilizarem novos serviços”, afirma Mesquita.

Fintechs desafiam tradicionalismo dos bancos

A saída, de acordo com ele, é apostar no open banking, modelo de mercado em que o banco abre suas plataformas e fazem parcerias para que novos serviços (financeiros ou não) sejam distribuídos junto aos seus. “Open banking significa colocar o cliente no centro da atividade, entendendo o que ele quer e quais são suas necessidades”, diz o executivo. Dessa forma, o banco ganha a possibilidade conquistar novas linhas de negócio e de rentabilidade.

O termo ainda assusta os setores mais tradicionais porque traz o receio de que a instituição financeira esteja abrindo seus ativos para o mercado, mas Mesquita afirma que não é isso. Segundo Mesquita, todo o legado de serviços e produtos não será desperdiçado, a diferença é ganhar a possibilidade de oferecer serviços de terceiros dentro da sua plataforma. Por isso surge a necessidade de abrir as APIs dos bancos e não olhar mais as fintechs como concorrentes, e sim como parceiras.

E o mercado financeiro já caminha nesse sentido. Dados de um estuda de 2015 da Accenture apontam que os investimentos globais colaborativos em fintechs passaram para 44% no ano passado, em comparação com os 29% de 2014. “Isso mostra que os bancos deixaram de olha-las como um competidor e sim como um parceiro, podendo até adquiri-las no futuro”, comenta Mesquita.

Porém, esse processo apresenta alguns riscos para os bancos, principalmente relacionados à segurança. “No open banking, o cliente passa a consumir um produto de um terceiro como se fosse de seu próprio banco, ele não enxerga que a culpa é de outra empresa caso algo dê errado”, diz. “Ele vai ligar para o call center da instituição financeira para tirar satisfação.”

O modelo de segurança dos novos bancos

Para evitar o problema, Mesquita usa a indústria automotiva como um exemplo do que não fazer. “As montadoras incorporaram sistemas já prontos em seus carros, o que aumentou a vulnerabilidade para os ataques de hackers”, aponta. “No caso dos bancos, é preciso começar o projeto do zero e pensar na segurança em primeiro lugar. As instituições financeiras já contam com essa maturidade, é só questão de mantê-la”, afirma.

Fonte:ipnews