Ao bloquear conteúdos por meio de VPN, Netflix pode estimular pirataria

07/03/2016 15:46
Iniciativa do serviço de streaming é alvo de reclamações de usuários e até de uma petição online com mais de 36 mil assinaturas.
 

Reforçado em janeiro deste ano, o bloqueio de conteúdo via VPN pelo Netflix pode fazer com que seus assinantes migrem para serviços de pirataria, como o popular Popcorn Time, de acordo com nova reportagem da Wired.

Em entrevista para o site especializado, diversos usuários se mostraram contra a iniciativa da plataforma de streaming, que visa proteger os diferentes acordos de conteúdos que possui com os estúdios e produtoras nas diferentes regiões do mundo.

Vale notar que o Netflix, agora uma “rede global de TV com presença em 190 países, possui catálogos bem diferentes ao redor do mundo.

“Cancelei minha assinatura (do Netflix). A pirataria é criada pela ganância da indústria do entretenimento e seus acionistas. Sou um cara normal disposto a pagar por conteúdo e eles estão tornando isso quase impossível”, afirmou  Johan Stindt, que vive na Áustria e na Holanda e não quer ser restringido sobre o que pode assistir no netflix quando viaja pela Europa.

O português Maique Madeira segue a mesma linha de raciocínio para justificar o uso de VPN para conseguir assistir a diferentes filmes e programas – alguns serviços de VPN continuaram funcionando mesmo após o Netflix apertar o cerco neste início de ano. “Uso uma VPN porque sinto que devo ter acesso ao mesmo catálogo dos usuários dos EUA, ou de qualquer outro país. Nós pagamos o mesmo valor e, mesmo assim, recebemos uma fração do conteúdo disponível em outros lugares. Dinheiro não é o problema. É injusto. Esse é o meu problema com isso.”

Abaixo assinado

O grupo de defesa de direitos digitais Open Media até criou um abaixo-assinado online para que o Netflix volte atrás em sua decisão. “Se o precisa reforçar a restrição de conteúdo, precisa existir uma maneira melhor para fazer isso. Muitas pessoas usam as VPNs como uma ferramenta de privacidade”, afirma o gerente de comunicações do grupo, David Christopher, em entrevista à Wired.

Até o fechamento da reportagem, a petição online já contava com mais de 36 mil assinaturas.

Netflix não se preocupa

Durante um evento realizado em janeiro deste ano, o CEO Reed Hastings descartou qualquer impacto negativo para a empresa por conta da iniciativa polêmica.

“Acho que não veremos nenhum impacto. Sempre reforçamos o bloqueio de proxy com uma lista negra. Agora temos uma blacklist ampliada e melhorada. Por isso, não acho que veremos nenhuma grande mudança”, afirmou o executivo sobre uma possível perda de assinantes em consequência da novidade.

Além disso, o executivo defendeu na ocasião que o pedido dos detentores dos conteúdos por restrições mais duras contra o acesso baseado em uso de VPN e outros “truques” é algo bastante razoável.

Por fim, o executivo destacou que a empresa trabalha para disponibilizar todo o seu conteúdo original de forma igual pelo mundo. Os assinantes da Índia, por exemplo, não podem assistir ao seriado House of Cards, com Kevin Spacey, por restrições da Sony Pictures.

 

Fonte:IDGNOW