Argumento de heavy users para implantar franquia de dados é falácia, diz especialista

27/07/2016 12:25

Representante do Ibidem afirma que não há dados que comprovem que apenas uma pequena parcela de usuários seja responsável pelo maior consumo de Internet.

franquia de dados“Não há estudos no Brasil que comprovem que apenas 2% dos usuários da Internet consumem a maioria dos dados na Internet fixa. Usar esse argumento é falácia.” É assim que Paulo Rená, representante do Instituto Beta: Internet & Democracia (Ibidem), em entrevista para o programa “Entre Vistas” da TV Senado, definiu a justificativa utilizada pelos defensores da franquia de dados na Internet fixa.

Segundo quem defende a franquia de dados, os usuários que utilizam pouco a Internet dão subsídio para quem faz muito uso (chamados de heavy users). A medida traria equilíbrio para equação, já que quem usa pouco, não irá ultrapassar seu limite e pagará um preço menor pelo tanto que consome, beneficiando a população mais pobre.

Rená, porém, acredita que a medida não traria impacto positivo, pois limita o quanto o usuário pode ter acesso à Internet. “A medida seria ainda pior para a classe baixa, pois estes não teriam recursos para pagar o excesso da franquia”, avalia.

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Rafael de Sousa, professor de Engenharia de Rede na Universidade de Brasília (UnB), também participou do programa e corrobora com Rená. De acordo com ele, nos Estados Unidos, onde há diversas pesquisas que avaliam o setor, 40% da banda total de Internet é utilizada durante à noite pela população norte-americana, independente de classe social. Ou seja, não há uma categoria de usuários responsável por maior consumo de dados, pelo menos, nos Estados Unidos.

O professor ainda rebateu outro argumento utilizado pelos defensores da franquia: o de que a infraestrutura de banda larga não é capaz de suportar a demanda atual de dados ilimitada. Para ele, não está claro se existe esse problema mesmo, visto que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não tem dados técnicos sobre o tema. “Não está claro se é um problema de infraestrutura ou uma questão comercial”, pondera Sousa.

 

Fonte:Ipnews