Avião solar não tripulado coletará dados atmosféricos na Amazônia

08/10/2015 08:38
Drone levantará informações atmosféricas sobre ventos, umidade, temperatura e radiação em trechos nunca antes estudados
 

Cientistas do Laboratório de Sistemas Autônomos da universidade ETH, de Zurique, na Suíça, vão coletar dados atmosféricos na floresta amazônica paraense usando um avião solar não tripulado. 

Batizado de AtlantikSolar, o drone sobrevoará um trecho da floresta saindo de Barcarena em direção a Melgaço, onde fica uma parte da Floresta Nacional de Caxiuanã. A data do sobrevôo está marcada para o dia 22 de outubro. 

Por meio de sensores, o drone levantará informações atmosféricas sobre ventos, umidade, temperatura e radiação em trechos nunca antes estudados. 

Até então, a coleta de dados vem sendo feita por meio de redes de estações meteorológicas de superfície e por meio de balões. Usar um drone para aplicar a mesma vocação é algo inédito, diz os pesquisadores.

“A Amazônia tem extensas áreas de floresta densa, fechada, cujo acesso é dificílimo e a logística é muito complicada. Por isso, a instalação de sensores de superfície e, principalmente, a sua manutenção, são um desafio muito grande e dispendioso”, explica Carlos Alberto Freitas, Gerente Regional de Belém do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), um dos parceiros locais do projeto. 

Informações meteorológicas são importantes para entender a dinâmica da floresta. Muitos estudos já realizados na Amazônia mostram, por exemplo, que grande parte da umidade do Oceano Atlântico é transportada pelos ventos para a floresta amazônica, interage com os ciclos biogeoquímicos da floresta e continua sendo transportada até as regiões Sudeste e Sul do país, levando chuva. Os dados podem ajudar na condução de novos estudos sobre a região amazônica.

Para os suíços, o voo servirá como um teste para averiguar a autonomia e a resistência da aeronave em condições climáticas diferentes das encontradas nas Europa. 

“Esse tipo de aeronave pode oferecer informações mais precisas e com maior qualidade do que as geradas pelos satélites, de forma mais rápida e mais barata, tornando-se uma boa opção para aprimorar o monitoramento em áreas de médio porte”, ressalta Philipp Oettershagen, doutorando do ETH Zurique e responsável pela aeronave. 

O equipamento também possui uma câmera de alta resolução capaz de criar imagens em 3D e em infravermelho, o que pode ajudar a encontrar pessoas e animais em situações de desastre ou de difícil acesso –como refugiados no mar.

Em teste recente, os criadores do AtlantikSolar já tinham conseguido uma autonomia de voo de 81 horas seguidas na Suíça –um recorde mundial para aeronaves não tripuladas com menos de 50 kg.

 

Fonte:IDGNOW