Cade abre investigação administrativa contra taxistas no caso Uber

22/11/2015 09:56
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai averiguar se taxistas e entidades usaram meios abusivos para barrar a entrada do Uber
 

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade instaurou processo administrativo ( (08700.006964/2015-71). para investigar condutas anticompetitivas praticadas por taxistas e entidades representativas da categoria e averiguar se teriam se utilizado de meios abusivos para excluir e barrar a entrada do aplicativo Uber no mercado de transporte individual remunerado.

A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (20/11). A investigação teve início a partir de denúncia apresentada pela empresa Uber do Brasil Tecnologia Ltda., pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília e pelo Diretório Central dos Estudantes do Centro Universitário de Brasília. 

Para o Cade, enquanto a atual controvérsia jurídica acerca da legalidade da Uber não for esclarecida pelos poderes da República, a empresa deve ser considerada uma concorrente como qualquer outra e não pode ser alvo de condutas anticompetitivas previstas na Lei de Defesa da Concorrência. 

Segundo comunicado oficial distribuído pelo Cade para a mídia, a Superintendência verificou, até o momento, suposto abuso de direito de petição em três ações judiciais diferentes movidas por representantes da categoria de táxis – conduta internacionalmente conhecida como sham litigation. 

Essas ações apresentaram o mesmo objeto e foram ajuizadas em diferentes foros, o que poderia indicar intenção de burlar as regras judiciais de distribuição e julgamento com o objetivo de dificultar a defesa da Uber e de obter decisão favorável contra a empresa. Nos processos judiciais analisados pela Superintendência, o Poder Judiciário considerou que os autores da ação poderiam estar incorrendo em litigância de má-fé. 

De acordo com a Superintendência, as demais ações judiciais analisadas foram ajuizadas pela categoria de taxistas de maneira legítima e não abusiva. O documento também informa que o órgão identificou evidências de que alguns taxistas teriam empregado violência e grave ameaça contra motoristas da Uber e passageiros do aplicativo. 

Essas ações teriam gerado um clima real de ameaça à atuação de rivais, o que poderia causar efeitos anticoncorrenciais de obstrução da entrada e do desenvolvimento da empresa no mercado, além de limitar a escolha dos consumidores. Os indícios sugerem que algumas entidades representativas dos táxis e seus dirigentes teriam contribuído de maneira relevante para a prática dessas condutas. 

Estão sendo investigados no processo administrativo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi no Estado de São Paulo – Simtetaxis-SP; o Sindicato dos Permissionários de Taxi e Motoristas Auxiliares do Distrito Federal – Sinpetaxi-DF; a Associação Boa Vista de Táxi – Ponto 1813; o Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo – Sinditaxi-SP; o Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários, Taxistas e Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de Minas Gerais – Sincavir-MG ; o Sindicato dos Taxistas do Distrito Federal – Sindicavir; e a Associação de Assistência aos Motoristas de Táxi do Brasil – Aamotab. Os presidentes de vários sindicatos também estão sendo investigados.

Com a instauração do processo, os representados serão notificados para apresentar defesa. Ao final da instrução, a Superintendência-Geral emitirá parecer opinando pela condenação ou pelo arquivamento do processo, e enviará o caso para julgamento final pelo Tribunal do Cade.

 

Fonte:IDGNOW