Rede social se envolveu em crise após informações de seus usuários terem sido utilizadas para campanha eleitoral.
No último sábado (18/3), os jornais The New York Times e o londrino The Observer divulgaram que informações privadas de 50 milhões de usuários do Facebook foram utilizadas para beneficiar a campanha do presidente norte-americano Donald Trump em 2016. Os dados foram colhidos pela Cambridge Analytica, empresa britânica de análise de dados contratada pelo comitê de Trump, que os utilizava para ações de marketing digital para influenciar o cenário político e favorecer o atual presidente dos Estados Unidos.
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Para utilizar as informações a seu favor, a Cambridge contou com a parceria da também britânica Global Science Research, liderada pelo pesquisador Aleksandr Kogan. Foi ele que criou o quiz online “This is your digital life” (Essa é sua vida digital) que pedia aos usuários conectar a sua conta do Facebook para o acesso, o que permitiu a coleta dos dados de quem fez o quiz e de seus amigos.
A Cambridge, então, comprou estes dados da Global Science, o que é considerada uma violação dos termos de uso do Facebook. De posse dessas informações, a empresa de análise cruzou os dados com outras fontes e chegou a um perfil preciso dos usuários. Assim, pode enviar mensagens direcionadas, incluindo notícias falsas, para influenciar votos.
Para o presidente suspenso da Cambridge Analytica, Alexander Nix, as ações de sua empresa desempenharam um papel decisivo na vitória de Donald Trump. A declaração foi feita através de um vídeo divulgado nesta terça-feira (20/3).
Por outro lado, Kogan, da Global Science, disse hoje à BBC que os dados não seriam capazes de influenciar um resultado eleitoral. “Eu acho que a Cambridge Analytica tentou vender sua mágica e eles fizeram alegações de que isso é incrivelmente preciso e te diz tudo que há para dizer sobre você. Mas eu acho que a realidade não é essa”, disse.
Ele defendeu seu teste dizendo que promovia um “aplicativo de pesquisa usado por psicólogos”. Segundo ele, a Global Search estava fazendo algo normal e que estavam assegurados pela Cambridge de que não havia divergência com os termos de serviço da rede social. O Facebook diz que Kogan violou suas políticas ao passar os dados para a Cambridge Analytica para uso comercial, dizendo que ele “mentiu para nós”.