Condomínio de data centers em Itaipu será preparado para atender aos países da Unasul

17/07/2015 11:31

Entrevista: Carlos Roberto Sucha, superintendente da Assessoria de Informações da Itaipu, diz que a articulação do projeto prevê a concepção de infraestrutura capaz abrigar data centers Tier III, e quer transformar o Parque Tecnológico de Itaipu em Ponto de Troca de Tráfego internacional, para atender, em curto prazo, todo o Mercosul e, posteriormente, os países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

 

Portal IPNews: O que se pretende com o projeto de condomínio de data center em Itaipu?

Carlos Roberto Sucha: Em 2013 foi realizado em Foz do Iguaçu, no Parque Tecnológico Itaipu, o I Seminário de Segurança Cibernética, com a participação de diversos atores governamentais. Na oportunidade discutiu-se a questão de segurança, proteção e defesa de estruturas estratégicas, e esses atores, por intermédio de seus representantes, convergiram na ideia da criação de um centro de estudos que pudesse fomentar o estado da arte nesses termos, diante do desafio de se superar diversas lacunas existentes.

Criou-se, em consequência, o CEAPE² (Centro de Estudos Avançados em Proteção de Estruturas Estratégicas), com sede no PTI, com o primeiro desafio de buscar soluções para o armazenamento e o tráfego de dados. Foi aí que nasceu o projeto de se abrigar um condomínio de Data Centers em território brasileiro, possibilitando maior efetividade na segurança da informação e permitindo a redução de custos de internet, já que hoje o tráfego de dados é realizado por meio de links para os EUA.

Transformar a região em centro estratégico para a interconexão sul-americana coloca o Brasil na vanguarda tecnológica, contribuindo para a maior autonomia das redes de telecomunicação desses países.

Com esse projeto, decorrente do Acordo de Cooperação, a ITAIPU cumpre com seu compromisso social de promover o desenvolvimento da região; une esforços com o Ministério das Comunicações para apontar soluções estratégicas de alta relevância na relação entre os países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), enquanto a FPTI (Fundação Parque Tecnológico Itaipu)  se beneficia com a atração do que há de melhor em segurança e tecnologia da informação, promovendo a maturidade tecnológica com ímpeto altamente positivo em todo o meio acadêmico que o envolve.

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Portal IPNews: Qual é o estágio atual do projeto?

CRS: Um estudo de viabilidade é fundamental para transformar ideias em realidade. Assim, um grupo de trabalho foi formado pela ITAIPU, FPTI e MiniCom, com o propósito de levantar soluções para as questões de energia, telecomunicações, local de instalação, infraestrutura e normativas inerentes a um condomínio de Data Centers tipo Tier III. O grupo já foi constituído pelo CEAPE² e tem realizado diversas discussões para formalizar uma proposta de Programa de Incentivo e Instalação de Data Centers na região.

Portal IPNews: Qual é o cronograma estabelecido?

CRS: O Acordo de Cooperação, assinado em dezembro de 2014, tem vigência de cinco anos. O grupo de trabalho aprovou um cronograma inicial de 20 semanas para apresentação do estudo de viabilidade e da proposta de Programa de Incentivo e Instalação de Data Centers. Depois pretende-se promover o chamado dos interessados, conforme critérios estabelecidos no referido programa, que vai conter o cronograma para as etapas posteriores.

Portal IPNews: Que tipo de infraestrutura tecnológica e de energia elétrica está sendo projetada?

CRS: Um Data Center tipo Tier III necessita de duas alternativas independentes de entrada de energia, além das estruturas de segurança energética. Naturalmente, a proximidade da ITAIPU pode assegurar a disponibilidade de energia para o condomínio. O grupo de trabalho está levantando as possibilidades e estudando a viabilidade, considerando também outras alternativas de entrada de energia, que poderiam ser solar, biomassa ou hidrogênio, por exemplo.

No que tange à infraestrutura tecnológica, em um primeiro momento não se está pensando em entrar no modelo de negócios de datacenter;o que nos interessa é atrair grandes empresas do setor, que possam inclusive disponibilizar capacidade computacional em nuvem.

Portal IPNews: Como está sendo pensado/dimensionado o serviço de telecomunicações?

CRS: De sua parte, o Ministério das Comunicações se compromete a assegurar conectividade de alta capacidade através da Telebras. Há, portanto, a possibilidade de dupla conexão de telecomunicações, visto que a Telepar já está presente na FPTI. Outras alternativas estão sendo levantadas pelo grupo de trabalho, de maneira a disponibilizar para o projeto o que há de mais moderno no Brasil em termos de conectividade.

A ideia é transformar o PTI em um Ponto de Troca de Tráfego (PTT) internacional, possibilitando conectar imediatamente o Paraguai, por intermédio da fibra ótica presente na linha de 500 kV construída pela ITAIPU, e conectar também a Argentina. Essa conexão poderá atender em curto prazo todo o Mercosul, e posteriormente os demais países que compõem a Unasul.

Portal IPNews: Há empresas (data centers) ou entidades setoriais envolvidas na discussão?

CRS: Cada um dos três parceiros no Acordo de Cooperação (ITAIPU, MiniCom e FPTI) tem um rol de relacionamentos muito grande. O grupo de trabalho está consultando diversas empresas e entidades para obter dados substanciais ao estudo de viabilidade. Naturalmente o tema desperta o interesse, e esses contatos são importantes para a análise do mercado e estudo de modelos de negócio. Após a aprovação do Programa de Incentivo, fundado no estudo de viabilidade, as empresas interessadas poderão apresentar suas propostas de adesão.

Portal IPNews: Qual é o investimento total previsto?

CRS: O compromisso da ITAIPU, em comum acordo com a FPTI, será investir em soluções para a entrada de energia, investir no espaço de instalação e na segurança do sistema. O Ministério das Comunicações se compromete a criar o ambiente de alta conectividade; a buscar os incentivos para a isenção de impostos federais nas áreas de construção civil e de equipamentos;e nas vantagens que comporão o programa de incentivo para atrair as empresas ao Condomínio, tais como financiamentos.

 

Fonte:ipnews