Conflito Ucrânia x Russia ganha espaço durante o Q&A com Mark Zuckerberg

18/05/2015 09:20
Na 6ª edição de seu Town Hall Q&A, o CEO do Facebook negou as acusações de censura a posts ucranianos e defendeu a existência da Internet.org
 

Na 6ª edição de seu Town Hall Q&A - encontro em que responde ao vivo pela internet perguntas enviadas por pessoas do mundo todo - o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, defendeu-se das acusações de censura vindas da comunidade ucraniana e endossadas pelo presidente do país, Petro Poroshenko, que publicou um post pedindo a abertura de um escritório moderador ucraniano para a rede social. 

Várias mensagens publicadas na página pessoal de Zuckerberg antes do encontro pediam ao CEO que explicasse se havia censura na rede social contra mensagens de cunho nacionalista da comunidade ucraniana, e reforçavam o pedido para a empresa abrir um escritório no país. As perguntas da comunidade ucraniana ganharam força quando alcançaram 45 mil likes até o momento da sessão de perguntas e tornaram-se as mais votadas para serem respondidas por Zuckerberg.

Alguns posts acusavam um suposto escritório russo do Facebook de ser responsável por apagar os posts (os dois países se encontram em um conflito bélico).  Em resposta durante o Q&A, Zuckerberg negou a existência de moderação ou escritório russo. Ele explicou que o Facebook não tem escritório na Russia e que o conteúdo internacional do Facebook é revisado por profissionais de diversas nacionalidades e idiomas em um escritório de Dublin.

Ele afirmou ter revisado os posts que foram excluídos e eliminou a hipótese de censura política: “Nós não permitimos discursos de ódio que incitem a violência ou propaguem ofensas étnicas. Alguns dos posts ucranianos violaram essa regra e acredito termos agido corretamente ao retirá-los”. O CEO não descartou a possibilidade da abertura de um escritório ucraniano no futuro mas deixou claro que não é prioridade.

Segundo a revista ucraniana Delo, o número de usuários do Facebook no país cresceu 25% entre março de 2014 a março de 2015. A rede social agora soma 4 milhões de usuários no país, que tem 42 milhões de habitantes, sendo que 41,8% deles conectados à internet, segundo dados da Internetsociety.org.

Europa e Internet.org

A tensão entre governos europeus e empresas de tecnologia também foi assunto abordado por Zuckerberg, que explicou a dificuldade das autoridades em descobrir como regulamentar a questão da privacidade na internet, principalmente em uma união de países, como é o caso da União Europeia. Ele afirmou que as diferentes leis nacionais dificultam as operações das empresas tecnológicas em atividade na região. O CEO também defendeu uma legislação padronizada para questões de internet na região.

O projeto do Facebook de dar acesso gratuito à rede social para usuários sem condições de pagar pelo serviço de conexão móvel - criticado por atravessar o conceito da neutralidade da rede -- também foi mencionado. Zuckerberg disse que a meta do projeto é garantir que pessoas sem condições de pagar por um plano de dados móvel possam ser capazes de ligar para a polícia. De acordo com ele, prover as 4 bilhões de pessoas sem acesso à internet com serviços de emprego, saúde e educação básica digital é o objetivo da Internet.org. 

O CEO se aproveitou da informação segundo a qual 1 em cada 10 pessoas que ganham acesso à internet sai da pobreza, para reafirmar o caráter empoderador do projeto e defender a iniciativa.

Durante o encontro Zuckerberg também abordou outros temas, como o interesse da companhia por se envolver em biotecnologia, os planos de transformar o dispositivo de realidade virtual Oculus Rift num óculos de tamanho convencional; e o motivo de usar sempre a mesma roupa - casaco de moletom preto com capuz e tênis - como uma forma de dedicar energia a questões mais importantes que o guarda-roupa.

O vídeo com a gravação completa do encontro de Zuckerberg pode ser conferido na página especial sobre o tema no Facebook.

 

Fonte:IDGNOW