Em artigo, John McAfee diz que vai "hackear" iPhone de graça para o FBI

Em meio à polêmica entre Apple e FBI, o especialista em segurança John McAfee, que dá nome à conhecida empresa de soluções da área, afirmou que vai hackear o iPhone do suspeito de um ataque terrorista que aconteceu em dezembro nos EUA para evitar que o governo dos EUA crie uma backdoor no aparelho.
Em um artigo autoral publicado no Business Insider, McAfee, que é candidato à presidência daquele país, critica fortemente a ordem da justiça dos EUA, emitida a pedido do FBI, para que a Apple ajude as autoridades a “hackearem” o seu próprio smartphone por meio de uma backdoor – o que a Casa Branca negou depois da repercussão negativa e de a Apple receber apoio de Google, Facebook, Twitter e WhatsApp no caso.
“Esse é um dia negro e começo do fim dos EUA como uma potência mundial. O governo pediu a desabilitação dos nossos já antigos sistemas de cibersegurança e ciberdefesa, e está nos levando para dar uma volta naquele horizonte próximo onde a ciberguerra é indiscutivelmente esperando, com nada mais do que palavras duras como uma arma e a esperança de que nossos inimigos tenham pena da nossa condição desarmada e nos tratem justamente”, afirma McAfee no artigo.
O especialista ainda cita a carta aberta escrita pelo CEO da Apple, Tim Cook, sobre o assunto e chama de “risível” a ideia do FBI, que diz que a backdoor só seria usada uma única vez no caso de San Bernardino.
“Caso o governo consiga essa backdoor, eventualmente terá uma backdoor em toda criptografia, e nosso mundo, como o conhecemos, terá acabado. Sobre a declaração do FBI de que protegeria a backdoor, nós todos sabemos que isso é impossível. Existem maçãs podres em todo lugar, e só precisa haver uma no governo dos EUA. Então alguns milhões de dólares, algumas mulheres bonitas (ou homens), e uma viagem de iate para o Caribe pode ser tudo o que seja preciso para que os nossos inimigos tenham acesso completo aos nossos segredos”, diz o especialista, em tom de alerta.
Por fim, McAfee diz trabalhar com uma equipe formada “pelos melhores hackers do planeta”. “Esses hackers participam da Defcon, em Las Vegas, e são lendas em seus grupos locais, como HackMiami. São todos prodígios, com talentos que desafiam a compreensão humana normal. Cerca de 75% deles trabalham com engenharia social. O restante são especialistas em códigos. Comeria o meu sapato no programa do Neil Cavuto se não conseguíssemos ‘quebrar’ a criptografia no aparelho de San Bernardino. Esse é um fato.”
Antes de terminar, ele aproveita para alfinetar o FBI e o governo americano mais uma vez. “Mas por que os melhores hackers do mundo não trabalham para o FBI? Porque o FBI não vai contratar ninguém com um moicano roxo, piercings enormes e uma tatuagem no rosto que quer fumar maconha enquanto trabalha e não aceitará trabalhar por menos de meio milhão de dólares por ano. Mas pode apostar que os russos e os chineses estão contratando pessoas com demandas parecidas e já fazem isso há anos. É por isso que estamos décadas atrás na corrida cibernética.”
Entenda o caso
O governo dos EUA “exigiu que a Apple tome uma medida sem precedentes que ameaça a segurança dos nossos usuários”, afirmou o executivo em uma carta aberta publicada no site da empresa nesta quarta-feira, 17/2. Ele ainda afirma que o momento pediu uma discussão pública sobre o assunto e que queria que os usuários e as pessoas no país “entendessem o que está em jogo”.
A indústria de tecnologia vem cada vez mais usando criptografia em seus produtos e serviços. A iniciativa vem sendo criticada por oficiais do governo dos EUA, incluindo o diretor do FBI, James Comey, que diz que isso torna mais difícil para eles rastrearem os terroristas que se escondem sob a criptografia. As empresas assumiram a posição de que a criptografia protege a privacidade individual dos usuários.
Após o governo dizer ao tribunal que estavam encontrando dificuldades por conta de um recurso de apagamento automático do iPhone que poderia apagar os dados após 10 tentativas sem sucesso de “quebrar” a senha do smartphone, a juíza Sheri Pym ordenou que a Apple ofereça sua assistência técnica, incluindo se exigido fornecer software com assinatura, para burlar ou desabilitar a função de apagar automaticamente caso esteja habilitada no aparelho. Isso permitiria que os investigadores do FBI tentasse diferentes combinações para “quebrar” a senha e conseguir os dados.
O governo está pedindo que a Apple crie uma backdoor no iPhone, afirma Tim Cook, que afirmou ainda que o que o governo está pedindo é algo que a empresa não possui e também é considerado muito perigoso para ser criado.
“Especificamente, o FBI quer que a gente crie uma nova versão do sistema do iPhone, burlando vários recursos de segurança, e instalá-lo em um iPhone recuperado durante a investigação”, afirma. “Em mãos erradas, esse software – que ainda não existe – teria o potencial de desbloquear qualquer iPhone em posse física de alguém.”
Fonte:IDGNOW