Especial: o que aprendemos sobre 5G em 2015

O muito aguardado padrão móvel 5G não será finalizado até 2020, mas as pessoas que vão fazê-lo acontecer ficaram ocupadas em 2015 tentando defini-lo.
Uma coisa que já está clara é que o 5G não será como o 4G. Em vez de apenas tornar celulares e tablets mais rápidos, a próxima geração de tecnologia mobile será requisitada para atuar em diferentes áreas, cada uma com necessidades diferentes.
Este foi um ano para separar essas demandas.
“Tivemos muito progresso. Efetivamente, estamos tentando encontrar o conjunto certo de tecnologias para usaar”, afirma o analista da Tolaga Research, Phil Marshall.
Apesar de as necessidades serem muitas, a escolha de maneiras possíveis para atendê-las também está mais ampla do que nunca. Frequência ultra-altas que até recentemente eram consideradas impossíveis de serem usadas para serviços móveis podem entregar velocidades muito maiores. Novos sistemas que podem enviar dados pela rede aos poucos podem permitir que os aparelhos de Internet das Coisas durem anos com baterias minúsculas. E os pesquisadores estão trabalhando para reduzir os atrasos para que mensagens que precisamos em tarefas como dirigir possam ser entregues a tempo.
E fique tranquilo: o 5G será mais rápido do que o 4G. Neste ano, todo mundo tinha algo a dizer sobre o quão mais rápido será. A Ericsson disse que atingiu 5Gbps em seus testes, superando as redes LTE mais rápidas em até 50 vezes. A Samsung demonstrou potenciais tecnologias 5G rodando a 7,5Gbps e conseguiu um sinal estável de 1,2Gbps para uma minivan viajando em alta velocidade. A Parceria Público Privada para o 5G da Comissão Europeia estabeleceu uma meta para o novo padrão ser 100 vezes mais rápido do que o 4G, e a operadora japonesa NTT DoCoMo disse que planeja atingir esse tipo de velocidade 10Gbps em parcerias com empresas como Ericsson, Alcatel-Lucent, Nokia e Samsung.
Mas tornar as conexões móveis mais rápidas exigirá mais do que rádios e antenas melhores. As operadoras também vão precisar de um espectro maior, o que trará decisões dos governos para o processo. A Comissão Federal de Comunicações dos EUA iniciou o caminho de abrir algumas bandas promissoras neste ano, reconhecendo que o processo pode levar bastante tempo.
Apenas ser mais rápido não será o bastante para o 5G, que também precisará ser mais lento. A tecnologia terá de conectar a cada vez maior Internet das Coisas, onde aparelhos como sensores e medidores não terão muitos dados para enviar, mas precisarão caber em locais pequenos e durar mais tempo com baterias. Redes dedicadas com bandas mais estreitas para IoT ganharam terreno em 2015, e os desenvolvedores de 5G querem ter certeza que o futuro padrão também conseguirá isso.
Isso pede por novas opções em redes de rádio, mas também novas maneiras de compartilhar essas redes, diz Marshall. Os clientes usam serviços de banda larga móvel de uma maneira bastante consistente, enquanto que muitos aparelhos de Internet das Coisas como sensores enviam tráfegos que nem sempre são urgentes. É preciso muita visão de cima para fazer todos esses usos compartilharem uma rede, por isso o 5G pode incluir uma maneira especial para lidar com tráfego alto que é mais parecida com o modo como o Wi-Fi funciona, afirmou.
Também está ficando mais óbvio que o 5G terá de conectar coisas como carros autônomos e headsets de realidade aumentada. Esses aparelhos precisam que os dados sejam entregues em tempo. Em primeiro lugar, o 4G não consegue ficar abaixo de 10 milisegundos de latência, então isso precisará mudar, explica Marshall. Mas o próximo padrão também pode significar uma arquitetura de rede totalmente nova com menos informações em data centers centralizados e mais espalhadas em suas bordas, incluindo nos aparelhos, disse o analista.
Por exemplo, se um grupo de carros em uma rodovia precisa de informações uns sobre os outros para evitar que se choquem, uma rede convencional não conseguirá lidar com isso se tivermos mais de dois veículos, diz. Neste ponto, os atrasos em ir para uma nuvem central são muito longos, por isso os dados precisam ficar locais. “A nuvem...precisa estar embutida no carro”, explica Marshall.
As necessidades e possíveis soluções ficaram mais claras em 2015, mas o desenvolvimento do 5G ainda está longe de chegar ao fim. Em seguida, as pessoas responsáveis pelo novo padrão precisarão decidir o que teremos na primeira versão do 5G e o que terá de esperar pelos updates seguintes. E elas não vão conseguir definir isso em 2016, afirma o especialista.
De qualquer forma, todos querem sair na frente do desenvolvimento e adoção do 5G, e 2015 viu muitas disputas por posições nesta corrida.
Assim como aconteceu com o 3G e o 4G, as especificações do 5G serão desenhadas pelo 3GPP (Third-Generation Partnership Project) e aprovadas pela International Telecommunication Union. Mas as fabricantes e as pessoas que definem as diretrizes querem influenciar o padrão. Em outubro, vários grupos regionais grandes concordaram em realizar reuniões semestrais para decidirem um consenso sobre como o 5G deverá ser. Esse acordo se seguiu a um parecido feito em setembro entre China e União Europeia.
Mesmo com o padrão ainda cinco anos longe de estar pronto, 2015 foi um bom ano para promessas sobre a primeira rede 5G. A operadora japonesa NTT DoCoMo disse que vai lançar o primeiro sistema comercial antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que acontecem justamente em 2020. Já a operadora sul-coreana KT Telecom disse que terá um sistema em 2018 para os Jogos Olímpicos de Inverno que acontecerão no país. E, por fim, a americana Verizon Wireless prometeu ainda mais, dizendo que iniciaria os testes de campo do 5G em 2016, deixando algumas pessoas se perguntando qual tipo de 5G será esse.
Mas tivemos pelo menos um sinal concreto de progresso do 5G em 2015. Em junho, a ITU decidiu um nome oficial para o padrão: IMT-2020. Infelizmente, tudo que isso nos diz é que ele ainda não está aqui.
Fonte: idgnow