Fim da Lei do Bem é tiro no próprio pé do governo, acredita consultoria

08/12/2015 14:23

Estudo da IT Data avalia que encerramento do incentivo fiscal vai diminuir produção local, aumentando a importação e a participação do mercado ilegal. Arrecadação do governo alcançará cerca da metade do pretendido.

 

Um estudo divulgado pela consultoria IT Data, especializada no mercado de tecnologia, aponta que o fim da Lei do Bem vai gerar arrecadação extra de R$ 3,5 bilhões para o governo, quase metade dos R$ 6,7 bilhões que pretendia alcançar. A pesquisa ainda prevê que, a médio prazo, a arrecadação será convertida em perda, visto que haverá aumento do mercado ilegal dos produtos e componentes de informática. A redução da produção local e de novos investimentos, além do aumento do desemprego em toda a cadeia produtiva e de comercialização, também vai influenciar a baixa arrecadação.

Com o fim da lei, a IT Data traçou alguns cenários da indústria de TI. No mercado de roteadores e modems, a produção local é muito pequena e deve se extinguir, passando para a importação simples do produto.  Já os tablets, que estão perdendo participação do mercado devido aos smartphones com telas maiores, devem alcançar 4,6 milhões de unidades produzidas este ano, redução de 47% em comparação ao ano passado. Para 2016, a produção deve cair para 2 milhões de unidades.

A consultoria ainda afirma que a maioria dos fabricantes de tablets está parando de produzir no Brasil, antes mesmo do fim da Lei do Bem, o que deverá ser acelerado com a medida.  A estimativa é que este mercado movimento R$ 1 bilhão em 2016, metade gerado por produtos importados. O governo arrecadará apenas 9,25% de um mercado de R$ 500 milhões, cerca de R$ 46 milhões.

Os smartphones deverão movimentar R$ 25 bilhões em 2016, sendo que R$ 20 bilhões seriam de produtos fabricados localmente. Com o fim da Lei do Bem, o governo arrecadará em torno de R$ 2 bilhões a mais. A preocupação do IT Data, no entanto, é a diminuição da produção local em razão do aumento dos preços dos produtos.

No mercado de desktops, a IT Data estima que as vendas alcancem 6 milhões de unidades em 2016, devendo movimentar algo próximo de R$ 12 bilhões. Parte deste mercado é formada de produtos importados e ainda há uma pequena participação do mercado ilegal. A arrecadação com essa indústria deverá ser de menos de R$ 1 bilhão, e a consultoria estima um crescimento entre 10% e 20% no mercado.

Fim da Lei do Bem pode gerar exclusão social

Na opinião da IT Data, o governo não terá ganho nenhum e poderá desmotivar toda a cadeia produtiva, pondo fim à sua estratégia de manter ou ampliar a produção local da indústria de informática. A consultoria ainda lembra que a instituição da Lei do Bem foi responsável pela diminuição do mercado ilegal de componentes no Brasil, caindo para abaixo de 5% em quase todos os segmentos.

 

Fonte:Ipnews