Inovação e transformação precisam andar lado a lado

10/03/2014 08:44

“A inovação não começa dentro de casa, mas junto com seus clientes. Se você sabe o que eles querem e necessitam, poderá desenvolver o melhor produto”. Com esta frase o norte-americano de Denver, capitado do Colorado, Steve Lucas iniciou um bate-papo com a IW Brasil sobre inovação. Presidente do grupo de platform solutions da SAP, ele é dono de uma personalidade que mescla a ambição de executivos de multinacionais com a tranquilidade características dos moradores de parte do oeste americano.

“Já vi companhias que inovam, mas não entregam o que os clientes querem. A SAP tem feito um bom trabalho nos últimos dez anos, especialmente no trato com clientes”, continua o executivo, que não disfarça o entusiasmo com o trabalho que está em desenvolvimento e tampouco deixa de realçar o que ele chama de distanciamento da SAP em relação à concorrência. Isso não significa, no entanto, qualquer tipo de soberba, ele reconhece toda a complexidade em torno do inovar e frisa: “A inovação por si só é algo complexo. Temos mais de três mil produtos no portfólio. Se você me perguntar se todos são inovadores, vou te responder: dificilmente. Mas a maioria é sim. É difícil ser inovador em tudo.”

Algo que já vem no discurso da SAP há uns dois anos e que foi ressaltado por Lucas está relacionado ao ciclo de inovação. Com um mercado cada dia mais ansioso, a fabricante tem investido para reduzir o ciclo de desenvolvimento, algo que num passado ficava em torno de 18 meses, pode acontecer em poucos dias – obviamente, isso não é regra e nem se aplica a qualquer tipo de produto. E parte do sucesso que a fabricante tem com essa estratégia, ele diz estar ligado ao uso da metodologia de design thinking e também à plataforma de processamento em memória Hana.

“Design thinking é o carro chefe atualmente, o Hasso Plattner (cofundador da SAP) até fundou uma unidade do Hasso Plattner Institute of Design (focado na metodologia) na Stanford University. Nossa equipe de vendas entende o conceito, os nossos desenvolvedores são treinados nesses princípios. Fizemos muito mais investimento em design que nossos concorrentes. Além disso, você pode ser o mais criativo no mundo em usar design thinking, mas sem uma plataforma como a que nós temos, é complicado entregar muita inovação. A plataforma (Hana) nos possibilita entregar as coisas de forma mais ágil”, argumenta o executivo.

Para Lucas, a pressão do mercado por inovação e por agilidade na entrega de produtos apenas reforça a aplicação da metodologia de design thinking. Em tom de provocação à concorrência, ele fez a seguinte analogia: “Somos o Xbox One e os demais são a primeira versão do Nintendo. Você pode jogar com Nintendo 64, mas quando conhecer nossos jogos não vão querer deixar mais.”

Depois de discorrer muito sobre Hana, Design Thinking e concorrência, a reportagem questionou o executivo sobre o fato de a palavra inovação vir sofrendo um desgaste por ser usada a todo momento, chegando a um ponto de muitos substituírem seu uso por transformação. Para surpresa, ele não gostou muito da ideia, dizendo que inovação e transformação precisam, na verdade, andar juntas.

“Transformação é mudar o processo de negócio e não a tecnologia em si, pelo menos na minha opinião. E isso deve ser feito sempre. Sempre tenho que ter em mente uma forma de mudar a forma de fazer negócio, de transformar o modelo de negócio. O grande desafio é que as pessoas olham transformação como um evento, quando deveria ser algo contínuo e aliado à inovação. Mas transformação sem inovação é complicado, essas coisas precisam caminhar juntas”, reforçou, para completar: “As empresas ainda não estão vivendo a economia do tempo real e porque não colocam transformação e inovação lado a lado e não olham transformação como algo contínuo.”

 

Fonte:Informationweek