Lady Night Pitch destaca startups fundadas por mulheres brasileiras

Eventos voltados para startups costumam reunir uma plateia formada majoritamente por empreendedores masculinos. Não foi este o caso da edição brasileira “Lady Pitch Night”, promovida pela ONG Girls in Tech Brasil. Como o nome sugere, o evento é uma competição com foco em mulheres empreendedoras.
Na noite dessa quarta-feira (11/05), o auditório do Cubo Network, em São Paulo, foi palco para o evento que reuniu dez startups fundadas por brasileiras e um público essencialmente feminino. A cada pitch, apresentação de até cinco minutos que visa vender um projeto ou negócio, aplausos calorosos da plateia pareciam incentivar a exposição da próxima empreendedora. Da mesma forma, elas pareciam confortáveis no papel de vender suas ideias para um júri composto por executivos do Google, Qualcomm, Cubo e Anjos do Brasil.
Estelle Rinaudo, co-diretora da edição brasileira do Girls in Tech e quem conduziu a apresentação do evento, brinca em certo momento que a plateia que agora vê é bem mais acolhedora do que aquela que teve anos atrás, quando ela mesma apresentou sua empresa para uma bancada de investidores, todos homens.
“As mulheres que estão aqui hoje não estão aqui só por que são mulheres Mas sim por que fazem parte das maiores jovens inovadoras do país”, ressalta Estelle.
Presente em 35 países, o Girls in Tech é uma iniciativa que busca promover o engajamento de mulheres que lidam com novas tecnologias. Fundado em 2007 pela americana Adriana Gascoigne, o GiT chegou ao Brasil em junho de 2013, inicialmente, em São Paulo e em agosto de 2015 com unidade também no Rio de Janeiro. Mulheres de outros estados que quiserem levar o GiT para suas cidades, poderão fazê-lo ao entrar em contato com a iniciativa através dosite.
A primeira edição do Lady Pitch Night no Brasil é também a primeira da América Latina e recebeu inscrições de 80 startups brasileiras. Segundo os organizadores, o número de inscrições e qualidade dos projetos surpreendeu.
“Quando chegamos no Brasil, não tínhamos conhecimento de tantas mulheres empreendedoras. A iniciativa ajudou a mapear quem são essas mulheres”, ressalta Estelle.
Big Data e aplicativos
Entre as startups finalistas, big data, aprendizado de máquina e aplicativos voltados para o mercado consumidor tiveram destaque. A vencedora da competição, a Brand Lovers, criou um aplicativo que usa machine learning para minerar dados de produtos cosméticos na Internet. O objetivo é entregar um serviço onde usuários possam buscar produtos de beleza por tags e avaliações reais de outros usuários, o tipo de informação que pode ajudar uma pessoa na decisão de comprar um produto ou não.
Segundo Flávio Pripas, diretor executivo do Cubo, a Brand Lovers vence a competição, pois consegue criar e testar o conceito de que atualmente pessoas buscam comprar uma necessidade e não só um produto isolado. Entre os critérios de avaliação das startups, estavam a capacidade de monetizar o produto, originalidade e inovação ao mesmo tempo que atende ou cria uma nova demanda no mercado. Omnize, Epistemic, Cuboz, Menu For Turist, Bright, Incast, Tiquetaque, Daily Ride e Stella foram as outras nove empresas finalistas.
Jaqueline Lee, diretora sênior de marketing da Qualcomm na América Latina, foi uma das juradas da competição. Há 17 anos na fabricante de processadores, a executiva acredita que empresas de tecnologia têm demonstrado grande preocupação em manterem a diversidade nas contratações. Empresas como Microsoft, Facebook, Intel e Apple, por exemplo, tem divulgado suas metas em aumentar a contratação de mais mulheres e minorias e mantêm abertos seus relatórios de diversidade.
“No início era muito mais raro ver mulheres em algumas funções das empresas. A Qualcomm é uma empresa de muitos engenheiros, por exemplo. E o que a gente identifica hoje e não só no Brasil é que a carreira de engenharia costuma atrair poucas mulheres. O que a gente vê nas empresas é um pouco o reflexo disso. Historicamente sempre atraiu pouco, acho que as meninas não foram estimuladas a se dedicarem a carreiras de matemática, ciências, química e acho que hoje a sociedade está começando a reconhecer que você precisa estimular isso”, analisa Jaqueline.
Camila Junqueira, diretora de cultura empreendedora na Endeavor Brasil, lembra que de empresas de alto crescimento no Brasil, apenas uma a cada três são dirigidas por mulheres. “Temos um longo caminho para mudar isso”, ressalta.
“As mulheres brasileiras são muito empreendedoras. O que falta é elas integrarem a tecnologia na estratégia da empresa. Porque a tecnologia é muito mais que um acessório, ela vai te abrir para um mercado maior. Mas as mulheres estão acordando para o tema, está mudando. Até por que elas são grandes usuários da tecnologia, elas estão deixando de ser só consumidoras para serem criadoras”, defende Estelle.
Como prêmio, a Brand Lovers recebe um ano de uso do espaço de co-working Plug, soluções de tecnologia da IBM e E-boss, ingressos para evento de tecnologia e passagem para participar da edição global do Lady Pitch Night, em São Francisco, Califórnia.
Pollini Turk, CEO da Brand Lovers, vencedora da Lady Pitch Night Brasil
Fonte:IDGNOW