Pesquisadores criam 'memória de cristal' que pode sobreviver bilhões de anos

18/02/2016 16:50
Método de armazenamento permite salvar 360TB em disco com 2,5 cm de diâmetro que pode suportar temperaturas de até mil graus Celsius
 

Pesquisadores da Universidade de Southampton descobriram uma forma para armazenar dados em cinco dimensões em uma nanoestrutura de vidro que pode sobreviver por bilhões de anos. 

Os cientistas do Centro de Pesquisa de Optoeletrônica da universidade desenvolveram os processos de escrita e leitura de dados digitais nas cinco dimensões através da escrita porlaser femtosecond, onde eles usam rajadas de luz de alta intensidade para codificar um bit quântico, através da polarização de um único fóton. 

As nanoestruturas auto-montadas no vidro (que é fundido em quartzo) alteram o modo como a luz viaja através dele, que altera a polarização da luz que pode ser lida por combinação de microscópio óptico e de um polarizador, semelhante à encontrada nos óculos de sol Polaroid. 

Os pesquisadores batizaram a nanoestrutura de vidro de “memória de cristal do Superhomem”, já que a memória de vidro foi comparada aos cristais de memória usados nos filmes da franquia. 

“A informação codificada é percebida em cinco dimensões: o tamanho e orientação em adição às três posições dimensionais dessas nanoestruturas”, disseram os pesquisadores em um comunicado. 

A orientação do fóton ou ponto (horizontal ou vertical) determina se ele tem o valor do bit de 1 ou 0. Os pontos aparecem como vórtices visíveis no vidro quando vistos sob um microscópio. 

O método de armazenamento permite salvar 360TB de capacidade em um disco com 2,5 cm de diâmetro que pode suportar temperaturas de até 1.000 graus Celsius e tem uma vida útil praticamente ilimitada à temperatura ambiente (13,8 bilhões de anos em 190 Celsius).

Os dados são gravados em um arquivo composto por três camadas de pontos nanoestruturados separados por cinco micrômetros (um mícron é um milionésimo de metro).

A tecnologia foi demonstrada, primeiramente, em 2013 quando uma cópia digital de 300 kilobit de um arquivo de texto foi gravado com sucesso em 5D. 

“Como uma forma muito estável e segura de memória portátil, a tecnologia seria muito útil para organizações de grandes arquivos, como arquivos nacionais, museus e bibliotecas, para preservar a sua informação e registros”, dizem os pesquisadores. 

A tecnologia já permitiu salvar cópias digitais de importantes documentos da história humana, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a Carta Magna e a Bíblia "que poderiam sobreviver a raça humana", disseram pesquisadores.

 

Fonte:IDGNOW