Nuvem da companhia pode se integrar com equipamentos, sistemas e aplicativos, dando acesso a médicos, hospitais e o próprio paciente sobre sua saúde. Para executiva da empresa, esse tipo de tecnologia irá transformar realidade do setor.
Ao longo dos últimos anos, a Philips tem vendido suas soluções de eletroeletrônicos para focar na área de saúde. Essa estratégia alcançou seu ápice quando a empresa separou seu segmento de iluminação, onde fez história e hoje é tratada como Philips Lighting. Agora, a Philips é voltada exclusivamente para o setor de saúde, com produtos que vão desde equipamentos tradicionais de hospitais até tecnologias de Internet das Coisas (IoT).
Nesta entrevista com Solange Plebani, líder global para linha de sistemas de gestão hospitalar da Philips, a executiva explica como a tecnologia ganhou destaque no setor da saúde. “A tecnologia da informação pode reduzir muito o custo e melhorar a saúde”, afirma.
E essa redução de custo é obtida principalmente através da prevenção, onde a TI pode ser mais efetiva, principalmente com o IoT. Por isso, ela considera que a integração de sistemas hospitalares, equipamentos e aplicativos, via a plataforma na nuvem da Philips, seja o futuro do setor, o que ela chama de saúde conectada.
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Plebani explica toda a estratégia e o funcionamento das tecnologias a seguir. Acompanhe a matéria.
IPNEWS – Qual a estratégia da Philips na área da saúde?
Solange Plebani – A Philips decidiu, há dois anos, focar o negócio na área da saúde, separando toda a área de iluminação do resto, e hoje é a única empresa global que está fazendo isso. Entendemos que temos uma área de pesquisa muito forte para este setor, contando inclusive com médicos, enfermeiros e gerentes hospitalares. Nossa missão é ajudar o mercado de saúde global a transformar o cuidado para um que entregue mais valor ao paciente com menos custo.
Nesse sentido, vemos que a tecnologia tem o papel fundamental de garantir que você tenha informação para fazer uma gestão da saúde, que, para nós, começa com a prevenção da doença. Que tipo de tecnologia você pode disponibilizar para o consumidor a fim de fazer com que se alimente melhor, que consiga mostrar seu estado de saúde e fazer as ações preventivas. A prevenção precisa ter conectividade e tecnologia, integrando aplicativos, informações clínicas de um sistema do hospital onde o paciente foi atendido e dados sobre os hábitos de vida, é possível ter um plano de prevenção.
A Philips também é forte fornecedora de tecnologias de equipamentos médicos, como scanners e aparelhos de ressonância magnética, além dos sistemas de gestão hospitalar. Isso tudo tem um conjunto de informações preciosas para a prevenção e o cuidado pós-hospitalar do paciente, então é integrado numa base cloud chamada HSDP para conectar ainda mais essas informações.
IPNEWS – No final de tudo, toda essa tecnologia é utilizada com o objetivo de tirar o paciente do hospital o mais rápido possível, não é?
SP – Acredito que tirar o paciente do hospital seja uma forma de reduzir o custo. No final, toda a “saúde conectada” é para diminuir o custo de reinternação hospitalar ou internações desnecessárias. Em Ponta Grossa (PR), por exemplo, nós informatizamos postos de saúde e desenvolvemos um sistema para controle de distribuição de medicamentos gratuitos. Um dos ganhos foi a redução dos pacientes que retiram remédios de um posto e depois fazem o mesmo em outro posto, por medo de faltar. Mas aí falta, porque outra pessoa não vai ter acesso e o que ele pegou vai vencer. Com o sistema, a Secretaria de Saúde do município conseguiu controlar a quantidade de retirada independente de onde o paciente busque o remédio.
O que quero dizer é que a Tecnologia da Informação pode reduzir muito o custo e melhorar a saúde, mas tudo começa com a prevenção. Por isso a nossa estratégia de transformar o setor.
IPNEWS – E que tecnologias são essas?
SP – Em parte, ainda é tecnologia de hardware avançada, que traz diagnósticos mais precisos e menos processamento de diagnóstico, ou seja, é um que já te diagnóstica sem a necessidade de exames desnecessários. Outra parte disso são os sistemas de informação que vão trazer inteligência para isso tudo.
IPNEWS – Onde o uso dessas tecnologias já é realidade?
SP – Nós temos vários casos de uso, como de um hospital de uma universidade da Noruega, onde a Philips fez a solução integral com toda a tecnologia médica e parte dos sistemas, contando com a colaboração de parceiros da empresa. Também temos casos parecidos aqui no Brasil, como o Hospital Cristóvão da Gama, em Santo André (SP), com uma parceria na gestão de tecnologia a longo prazo, onde entramos com os sistemas de gestão hospitalar e de equipamentos de radiologia, de monitoramento de pacientes, entre outros, tudo integrado numa base de dados onde é inserida as informações.
IPNEWS – Essas informações vão para a nuvem de vocês? Como esses dados são processados?
SP – O HSDP está em países da Europa e nos Estados Unidos. No Brasil ainda não está, mas o plano é trazer ele para cá. Essa nuvem funcionada da seguinte maneira: nossos sistemas enviam os dados para uma base, que tem toda uma estruturação para receber dados clínicos de diferentes equipamentos e do sistema de gestão hospitalar. A HSDP é uma plataforma aberta, então também pode receber informações de outros sistemas e aplicativos.
IPNEWS – E quem tem acesso a essas informações?
SP – Pode ser a Philips, usando essa plataforma para oferecer alguma aplicação para um médico, paciente ou hospital/clínica, ou pode ser uma empresa terceira que desenvolveu uma aplicação nessa plataforma e está comercializando. Por exemplo, temos uma escova de dente eletrônica infantil que se conecta com um aplicativo nosso hospedado na HSDP e a criança consegue ver uma animação que mostra se ela está escovando os dentes direito. Inclusive, essas informações podem ser coletadas pelo dentista dela.
IPNEWS – E como funciona a privacidade e a segurança desses dados?
SP – Quem vai dar o acesso aos dados é o paciente ou o responsável por ele. Sobre segurança, a área da saúde está muito preocupada com isso, principalmente porque o nível de informação clínica está aumentando muito e ela pode ser usada para prejudicar uma massa da população. Então, a Philips criou, há alguns anos, um programa de segurança de software muito forte, com uma área específica para isso. Além disso, cada linha de negócio que lide com software ou informação que seja passível de hackeamento, conta com um Chief Security Officer (CSO).
IPNEWS – Como a Philips enxerga o mercado brasileiro?
SP – O mercado brasileiro é bem importante para nós. Estamos no Brasil há mais de 90 anos e só nossa linha de sistemas de gestão hospitalar está presente em mais de 800 hospitais no país.
IPNEWS – Quanto a digitalização dos hospitais brasileiros, é muito desigual aos outros países?
SP – O problema é que não temos muita medida. Quando eu olho os meus clientes e comparo com os da Alemanha e Arábia Saudita, os hospitais brasileiros estão num nível bem alto. Mas eu só atendo uma parcela do total, não consigo dizer como o mercado está para avaliar o nível de digitalização.
Os meus clientes têm uma estratégia de digitalização muito forte, com estratégias de melhoria de cuidado do paciente, maior previsibilidade para fazer uma gestão melhor, redução dos custos, diferenciação tecnológica, etc.