Sonhos 5G em Barcelona: Carros, robôs e jogos de realidade virtual
Robôs, carros e fones de ouvido de realidade virtual devem brilhar no Mobile World Congress (MWC), no final deste mês, em Barcelona, mas a verdadeira estrela por trás destas tecnologias será o padrão 5G, ainda embrionário.
Praticamente todos os fabricantes de celular e prestadores de serviços apresentarão suas visões sobre o que a próxima geração da telefonia móvel será capaz de fazer. Todos os recursos apresentados deverão fazer parte da longa corrida para o lançamento comercial do 5G em 2020. As primeiras redes piloto estão da tecnologia devem começar a surgir em apenas dois anos, contando a partir de agora.
Empresas por trás dessas implementações iniciais, como a SK Telecom e NTT DoCoMo, certamente terão muito a dizer sobre elas durante o MWC. Fabricantes de chips como a Intel e a Qualcomm, naturalmente, também vão entrar em jogo. A fornecedora de infraestrutura Ericsson já deu vislumbres de um rollout planejado com a TeliaSonera para 2018, e esta semana, a rival Nokia vtambém promete dar pequenas mostras do que pretende fazer.
O novo padrão será mais rápido do que o 4G: a Nokia, por exemplo, diz que pode atingir um pico de 30Gbps (bits por segundo). Mas há muito mais em jogo.
1. Carros
Delay é um tema comum nas discussões sobre a 5G. Executivos de algumas das principais fornecedoras de infraestrutura dizem que esperam mudanças fundamentais para permitir menor latência.
Isso é algo que o LTE simplesmente não pode fazer, dizem. Esté relacionada principalmente às formas de certificação de que os bits chegarão na hora certa. O objetivo é ter apenas 1 milissegundo de latência, o que exigiria redes 10 vezes mais rápidas que as 4G atuais.
Uma das razões para ter menor latência é o desenvolvimento das aplicações para carros mais inteligentes, porque acidentes de trânsito podem acontecer em um flash. A esperança é a de que os veículos compartilhem dados em tempo real através de uma rede local 5G. Embora os carros autônomos já possam ver o tráfego em torno deles usando sensores, o 5G pode fornecer mais informações para que eles possam operar de forma ainda mais segura.
No MWC, a Nokia irá demonstrar carros que informam onde estão e para onde se deslocarão usando potenciais recursos das redes 5G.
2. Realidade Virtual
Em uma demonstração de que a combinação de alta velocidade e baixa latência das redes 5G pode proporcionar, a Nokia planeja permitir que os participantes joguem em ambientes de Realidade Virtual. Um sistema VR vai rastrear as posições e movimentos de dois jogadores para fazer a bola rolar no campo virtual.
3. Robôs industriais
Outro papel chave para 5G será a o suporte para as aplicações de Internet das Coisas, permitindo a comunicação entre milhares de sensores e máquinas em vez de apenas algumas centenas de telefones. Isto poderia ajudar a controlar a iluminação e os parquímetros em cidades inteligentes, e também nass empresas. No MWC, a Nokia irá demonstrar robôs industriais trabalhando em sincronia usando recursos das redes 5G. Eles vão desempenhar exatamente a mesma tarefa, ao mesmo tempo, em outra demonstração de baixa latência.
4. Multicast
Outra demonstração irá simular um multicast de vídeo para milhares de usuários de dispositivos móveis em um estádio. Nokia diz 5G vai permitir que os fãs vejam diferentes pontos de vista em todo o estádio, com praticamente nenhum atraso, graças à sua baixa latência.
5. Medicina remota
Esta é uma das aplicações que Ericsson apresentará junto com a TeliaSonera, prevista para entrar em operação em 2018. Sua visão é a de eventualmente usar redes de baixa latência 5G para cirurgias remotasquando um médico não puder estar no mesmo lugar que o paciente. O movimento das mãos do médico irão controlar os instrumentos no corpo do paciente. "O cirurgião deve realmente sentir como se estivesse segurando objetos reais", disse Erik Dahlman, especialista sênior em tecnologias de rádio da Ericsson.
Definição do padrão deve demorar
Certamente, as demonstrações de tecnologias 5G no MWC estarão envoltas em debates sobre a padronização da tecnologia, a exemplo do que aconteceu mês passado, na CES 2016.
Franklin Flint, CTO da Telecommunications Industry Association, começou um painel sobre o potencial do 5G durante a CES, perguntando quanto tempo a indústria levaria para ter implantações da tecnologia em pleno funcionamento. Um dos poucos pontos em que os participantes concordaram foi o de que as redes 5G não estarão disponíveis tão cedo.
Fran O'Brien, CTO da equipe de mobilidade da Cisco ressaltou que o padrão 5G não estará concluído até 2020. "Passamos por indefinições parecidas nas fases iniciais do 3G e do 4G, disse O'Brien. " Por enquanto, o 5G é apenas marketing", acrescentou.
Ed Tiedemann, vice-presidente sênior de engenharia da Qualcomm, espera ver um "trabalho sério de tecnologia" para definição do padrão começando em março. A partir daí, o padrão 5G seguirá um cronograma que prevê a sua primeira fase de liberação "lá pela segunda metade ou talvez terceiro trimestre de 2017", e a segunda fase até ao final de 2019.
Isso significa que as organizações que falarem em implantação antes de 2020 provavelmente não vão estar alinhadas com o processo de normalização real do 5G, segundo Tiedemann.
Na opinião do executivo da Cisco, a conversa sobre 20 Gbps por usuário, já nos Jogos Olímpicos de 2018, pode não chegar a se concretizar, por causa de limitações com dispositivos móveis. Na opinião deles, o desenvolvimento de 5G deve se concentrar em oferecer 100 Mbps por usuário. É uma estimativa mais realista.
Outro fator complicador para 5G será a sua evolução para acomodar uma ampla gama de dispositivos. Glenn Laxdal, CTO e diretor de estratégia da Ericsson América do Norte, disse que a Internet das Coisas, que requer dispositivos de baixa potência e de longo alcance, por vezes implantados no interior dos edifícios, será um caso de uso importantíssimo para 5G , que terá para lidar também com a alta definição de vídeo streaming para milhões de usuários, simultaneamente.
Além disso, empresas e organizações industriais "só começarão a mover cargas de trabalho de missão crítica para plataformas móveis 5G quando elas forem altamente confiáveis e segura", disse Laxdal.
No geral, as perspectivas para o 5G permanecem incertas. Mesmo os grupos que afirmam ter condições de serem os primeiros a oferecer acesso comercial a redes 5G não estão prontos para prometer uma implantação permanente.
Enquanto o 5G não chega
Mas, ainda que grande parte da animação na feira de tecnologia Mobile World Congress, que acontece no fim do mês em Barcelona, será sobre o 5G, que não existirá oficialmente até 2020, as empresas não deixarão de mostrar novas maneiras para acelerar as redes 3G e 4G que as pessoas usam hoje em dia.
Isso significa mais do que 4G, porque, apesar de o LTE receber toda a cobertura da mídia, os serviços mais antigos são mais comuns do que você pensa. Pouco mais da metade das assinaturas mobile do mundo (51%) são apenas para serviço 2G, segundo o analista da Tolaga Research, Phil Marshall. Quase um terço são limitadas ao 3G, enquanto apenas 15% são 4G. Mesmo em 2020, apenas 48% das assinaturas serão para 4G.
Alguns usuários estão presos em uma rede mais lenta porque não fizeram o upgrade para um celular mais rápido, e algumas das assinaturas apenas de 2G são para máquinas conectadas que não precisam de mais velocidade. Mas há muitos usuários móveis que poderiam aproveitar um ganho de desempenho mesmo antes da chegada do 5G.
As empresas trabalhando para resolver isso em um nível global no MWC vão incluir a Ericsson e a Nokia, duas das maiores fabricantes de equipamentos de rede do mundo.
A Ericsson diz que pode dobrar o desempenho de redes 3G WCDMA sem substituir equipamentos em locais de células. Uma nova melhoria de software que a empresa chamada de Flow of Users dá aos assinantes uma maneira melhor de compartilhar a capacidade do local, diz a Ericsson. Entre outras coisas, o recurso controla quantos aparelhos estão ativos na rede em um determinado momento para que sejam muitas pessoas tentando compartilhar a célula. Isso significa que todo usuário recebe uma velocidade maior quando está na célula e também pode sair mais rapidamente, abrindo caminho para o próximo aparelho na linha.
O Flow of Users costuma acelerar o serviço em cerca de 50%, e faz parte de um conjunto de tecnologias que podem dobrar as velocidades de download médias de redes 3G. Uma velocidade de download de 2Mbps é típica para 3G, e novas melhorias podem levar esse valor a até 4Mbps, segundo a Ericsson. A tecnologia vai chegar ao mercado no segundo trimestre de 2016.
Para lugares que ainda nem possuem 3G, a Ericsson vai introduzir uma maneira para as operadoras lançar isso em equipamento 2G. O que é novo é um componente de hardware chamado Ericsson Intelligent Antenna Sharing. Ao reutilizar a maioria do seu equipamento 2G, as operadoras podem cortar o custo de organizar e adotar o 3G em mais de 60%, afirma a empresa.
O 4G também está ficando mais rápido. Tanto a Ericsson quanto a Nokia mostram maneiras para aumentar a capacidade de redes LTE com nova tecnologia de antena e modos de combinar diferentes bandas de frequência. As operadoras móveis nem sempre conseguem uma única banda com todo o espectro de que precisam, mas com a agregação de operadoras (carrier aggregation), parte do LTE-Advanced, elas podem reunir bandas separadas.
A agregação de operadoras já levou a demonstrações de velocidades na casa dos gigabit em LTE. A Ericsson mostrou 1GBps com a operadora australiana Telstra usando cinco bandas diferentes reunidas. Agora a empresa diz que pode ir ainda mais rápido e fazer isso com apenas três bandas, em parte usando antenas que enviam streams múltiplos de dados por vários caminhos. Essas habilidades também serão lançadas no segundo trimestre.
A Nokia diz que vai não apenas unir duas bandas de frequência, mas também permitir que aparelhos móveis usem bandas de células diferentes. A empresa finlandesa já demonstrou velocidades de 4.1Gbps com as operadoras China Mobile e Ooredoo, do Qatar. Assim como a Ericsson, a Nokia estará no MWC com formas mais avançadas de agregação de operadoras e beamforming.
Fonte:IDGNOW