Startup brasileira mira no equity crowdfunding para alavancar outras empresas

15/12/2015 15:01
Lançada esse ano, Start Me Up arrecadou em poucos dias R$ 300 mil. Conversamos com um dos sócios da empresa que prevê cenário otimista para a modalidade
 

Iniciativas voltadas ao financiamento coletivo tem se tornado cada vez mais conhecidas e responsáveis por transformar protótipos engenhosos em produtos inovadores e, muitas vezes, rentáveis. 

Modalidade menos popular no Brasil é aquela que busca no coletivo uma alternativa para lançar empresas nascentes. Chamado de equity crowfunding, o modelo, segundo analistas de mercado, tende a conquistar não só empreendedores quanto novos investidores e gerar um impacto econômico na casa de bilhões. 

Em resumo, o equity crowfunding é uma oferta pública de valores mobiliários que uma startup disponibiliza para um grupo de investidores. No caso da modalidade, ao invés de o investidor receber recompensas - como acontece no crowdfunding "tradicional", o contribuinte recebe uma participação acionária ou um título de dívida, que pode ser conversível em ações da empresa apoiada. Não se trata de um financiamento, mas sim uma forma de investimento atrelado ao desempenho da empresa investida. Todo o processo é regrado por meio de um contrato a ser firmado entre os investidores e a startup. 

E sua perspectiva de crescimento é otimista. De acordo com levantamento realizado pelo Crowdsourcing.org, o mercado de crowdfunding levantou em 2014 mais de 16 bilhões de dólares no mundo todo. A estimativa para esse ano é de US$ 30 bilhões. A fatia para o equity crowdfunding ficou em US$ 1,1 bilhão em 2014, com previsão de superar o dobro para 2015. 

No Brasil, algumas iniciativas começam a despontar, ganhando a atenção desde jovens empreendedores a investidores iniciantes e experientes. 

Start Me Up é uma delas. A plataforma de equity crowdfunding criada por brasileiros e lançada oficialmente em outubro desse ano recorreu ao próprio modelo de investimento para posicionar-se no mercado. Em apenas 19 dias conseguiu bater a meta inicial de R$ 300 mil reais e atrair 36 investidores de todo o Brasil. 

Segundo os criadores, o valor arrecado será usado para expansão da empresa, além de criar uma nova versão do sistema que a startup utiliza. O objetivo é criar um ambiente de investimento para a pós-captação, onde o investidor poderá acompanhar o investimento e o empreendedor possa se comunicar com ele, tornando todo o processo mais transparente, explica Diego Perez, advogado e um dos quatro sócios da Start Me Up em entrevista ao IDG Now! 

Democratizar o investimento 

Na teoria, pelo equity crowdfunding qualquer pessoa pode investir em uma empresa que tenha o potencial de ser um Facebook ou Google. Para alguns é uma forma de democratizar o mercado de investimentos. Do lado de empreendedores, um recurso para evitar as altas taxas de banco e de outras formas de financiamentos. 

A Start Me Up oferece participações a partir de R$ 100. Sua primeira campanha de equity crowdfunding recebeu investimentos entre R$ 100 e R$ 60 mil. 

“Não miramos um perfil de investidor, pois temos como missão também democratizar o investimento de baixo risco. A ideia é que com o modelo o empreendedor acione sua rede de contatos. Então, ao invés de recorrer a um único investidor, ele recorre a um grupo de inúmeras pessoas que de pouco em pouco conseguirá bater uma meta de 300 mil reais”, explica Perez. 

No entanto, o modelo ainda encontra algumas dificuldades para avançar devido a sua regulamentação. Como a modalidade de investimentos é relativamente nova no País, não há regras específicas para tal. Para criar ambiente favorável ao mercado, a Start Me Up e outras nove empresas do setor se reuniram e fundaram a Associação Brasileira de Equity Crowdfunding (EQUITY). 

Segundo Perez, a associação tem concentrado esforços na criação de sugestão de normas que serão entregues a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com a previsão de uma audiência pública para analisá-las no primeiro semestre de 2016. 

Já em janeiro de 2016, a Start Me Up lançará no portal quatro ofertas de investimentos, são jovens empresas de base digital que se encontram em uma segunda fase de desenvolvimento: têm seu produto desenvolvido e uma cartela de clientes, porém precisam de investimento para se definir no mercado. 

Entre as startups, estão uma plataforma de moto fretes capaz de conectar empresas/pessoas e transportadores; uma micro cervejaria de marcas premiadas, uma franquia online de reparos em aparelhos eletrônicos portáteis e um espaço de coworking e co-criação. De todo o valor captado para uma startup, a Start Me Up reserva uma comissão de 13%. 

Quanto ao empreendedor interessado em lançar-se via plataforma, ele precisa entrar em contato com a Start Me Up e enviar a documentação necessária exigida no portal da empresa. Segundo Perez, todo o processo é feito digitalmente. 

“Fazemos uma análise para ver se a empresa é atrativa para investidores. Startups que estão em estágio muito inicial, não assumimos o risco”, diz. 

Entre as metas para 2016, a Start Me Up vê a possibilidade de trazer empresas e investidores de fora para investir em startups brasileiras. “Além do dólar favorável para investimento estrangeiro, com o marco regulatório você trará segurança jurídica para quem é de fora”, defende o sócio. Fora isso, a expectativa é concluir 2016 com 20 captações – uma média de duas ofertas por mês.

 

Fonte:IDGNOW